Um dia desses, passando pelo cemitério de Bad Cannstatt, um dos bairros de Stuttgart, ouvi uns gritos de papagaio, ave nativa de terra tropical. Eu, em plena Alemanha e inverno, achei, claro, que fosse outro bicho com som parecido. Até que meu namorado apontou e disse que eram, sim, papagaios (. Eu não vi nada e soltei um bullshit ("bobagem", em inglês), afinal não tem como papagaio sobreviver neste clima.
Pois que ele imediatamente achou por bem googlar e me mostrar em um artigo (aqui, em alemão) que a espécie vive há mais de 20 anos na área (e mandou hoje as fotos para comprovar de vez). Foi até tema de exposição em outubro de 2016 e virou um calendário (confira aqui).
local destaca que eles estão em vias de extinção em sua terra natal (leia-se América do Sul) e que estão sempre de bom humor (
Sabe-se que no outono de 1986 foi avistada uma família de cinco cabecinhas amarelas; em 1995, contavam-se 30 e, em outono de 2008, cerca de 48 no total. Em geral, os transeuntes ficam encantados e erguem a cabeça para o ar quando o bando, social por natureza, se reune nas primeiras horas da manhã ou ao entardecer, desatinando em uma cantoria que a gente conhece muito bem. Alguns vizinhos, entretanto, não curtem a ideia e costumam espantá-los, às vezes até com baldes de água fria. Há casos inclusive de um senhor que matou um papagaio em 1996 e algum tempo depois acerto outro com um projétil, machucando-o gravemente. O homem foi obrigado a pagar uma multa elevada e arcar com os custos da operação do animal, além de entrar para a história como um grande intolerante. Observação: imagina quando descobrirem que papagaios podem viver até 100 anos! 😜
E de fato, como sobrevivem em termos de comida e de temperatura? Bom, para surpresa dos especialistas locais, os papagaios selvagens de Cannstatt se alimentam de sementes que um cavalo, por exemplo, morreria se a comesse. Uma delas é a Eiben ("taxas", em português; imagem acima), que os alemães fazem sempre questão de alertar sobre sua propriedade venenosa. Acredita-se que os papagaios também comem terra para neutralizar o efeito das toxinas. E falando em comer, é de tanto encher o bucho que, presumivelmente, sobrevivem às baixas temperaturas da Alemanha, uma vez que suas penas não são próprias (grossas o suficiente) para o clima temperado (o que, segundo Darwin,
certamente mudará em mais alguns anos) como as outras aves locais. Resta-lhes reserva de gordura de inverno, como ursos polares.
certamente mudará em mais alguns anos) como as outras aves locais. Resta-lhes reserva de gordura de inverno, como ursos polares.
Para saber mais, leia aqui (em alemão)!
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