Porque todo mundo deveria fazer trabalho voluntário


Sabe o que faz a diferença no seu currículo? Não é uma pá de idiomas nem experiência nas mais renomadas agências, mas trabalho voluntário. Isso mesmo. Se você quer se candidatar para uma vaga em um órgão internacional, ou até mesmo universidade no exterior, passou da hora de começar a dedicar seu tempo em prol de alguma causa social.

E digo isso com conhecimento de causa!

Quando tinha 16 anos fui indicada pela professora da escola de idiomas onde estudava para concorrer ao título de Pequenos Embaixadores promovido pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Sabe por que fiquei de fora? Falta de experiência como voluntária! Acredite se quiser. 

Isso fez com que eu abrisse os olhos para um requisito peculiar nos currículos internacionais e desde então buscava participar de alguma atividade voluntária. Na escola, encorajei os colegas a realizarmos um concerto de Rock cuja entrada seria um quilo de alimento, um agasalho e mais um real. Por incrível que pareça, conseguimos R$ 300,00, além dos suprimentos, que foram destinados a um orfanato. Alguns anos mais tarde, abdiquei das minhas manhãs de sábado para ensinar inglês gratuitamente para vizinhos. 

Essas experiências certamente contaram positivamente para que eu fosse aceita no programa de voluntariado alemão, pois são claros sinais de que sou uma pessoa proativa, com tendência a trabalhar em equipe, flexível e tolerante a lidar com o outro.

TRABALHO VOLUNTÁRIO ABRE CABEÇA E PORTAS


Antes de embarcar para meu ano social na Alemanha, ganhei uma bolsa de estudos de curso de inverno com tudo pago na Universidade de Leipzig. Infelizmente, como o período do curso coincidiria com o do trabalho voluntário, não seria possível conciliar ambas as atividades de forma que precisei abdicar de uma das duas. Chamaram-me de louca, mas optei por seguir o caminho do ano social. Quando escrevi para o órgão alemão que concedera a bolsa explicando minha escolha, eles lamentaram minha decisão, claro, mas chamaram-na de louvável e me desejaram boa sorte no meu futuro.

Àquela altura eu não entendia os bons algurus, mas com o tempo percebi como era importante para os alemães o trabalho que eu fazia. Primeiro porque praticamente ninguém quer fazê-lo - bastante parecido com o de cuidador de idosos no Brasil, com o bônus de que eram idosos com necessidades especiais; segundo, porque é um programa instituído e reconhecido no país, que substitui inclusive a obrigatoriedade de servir um ano no exército alemão; terceiro, é praticamente um must, um dever ter feito alguma obra social em algum momento da sua vida.

Há pouco tempo, candidatei-me para vagas na Embaixada do Reino Unido e em um projeto das Nações Unidas. É claro que incluí minha experiência como voluntária e estou certa de que isto pesou para que fosse uma das finalistas no processo de seleção.

Ao incluir uma experiência em um trabalho ao qual você se dedicou por pura boa e livre vontade, sem esperar retorno financeiro, apenas crescimento pessoal, ainda que fora da sua área profissional, demonstra ao seu futuro empregador uma faceta do seu caráter e nível de comprometimento. Afinal, se um indivíduo empenha o melhor de si para ajudar a um desconhecido, como não será seu desempenho quando será renumerado para isso? Uma, duas ou (no máximo) três menções (relevantes) do tipo em seu currículo é um verdadeiro up

Além disso, caso pense em solicitar bolsa de estudos para determinadas organizações alemãs, como a Fundação Konrad Adenauer, engajamento social ou político, entre outras até religioso, é um dos requisitos.

É uma pena, contudo, que este caminho ainda seja pouco trilhado no Brasil. Fora do círculo das insituições religiosas, muitas organizações sofrem para conseguir interessados em suas causas. Eu não sei onde está o problema, mas lembro-me que meses antes de me candidatar para o voluntariado na Alemanha, escrevi para a Fundação Abrace para ajudar de alguma forma. Nunca - nun.ca - em mais de um ano recebi resposta.  

Não desanimo. E sei que não estou sozinha. De acordo com o Relatório 2015 das Nacões Unidades para Trabalho Voluntário, existem mais de 1 bilhão de pessoas desempenhado a atividade ao redor do mundo.

No momento, estou procurando novas oportunidades. Provavelmente continue um projeto de meados de 2013, eu acertava com um colega da UnB para ensinar inglês a crianças carentes. Minha ideia era misturar a aprendizagem com ecologia. Por ter sido interrompido devido à minha viagem, pretendo retomá-lo, agora visando conscientizar língua e identidade. Sem lucros, mas com benefícios.

Veja algumas campanhas que apoio:

VolunTeacher: professor de inglês voluntário na Cidade Estrutural

Para participar:
- Inglês avançado
- Não precisa experiência prévia como professor
- Disponibilidade para dar aula 1 sábado por mês (sozinho ou em dupla)
- Comprometimento (mínimo 1 semestre)
- presença no treinamento pedagógico: 25/07.

PROJETO INGLÊS DA FAMÍLIA - BRITISH COUNCIL

O projeto Inglês da Família é uma parceria entre o British Council, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e o Sport Club Corinthians Paulista.

TETO 

TETO é uma organização presente na América Latina e Caribe, que busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários.

ATADOS

O Atados é uma plataforma social que conecta pessoas e organizações, facilitando o engajamento nas mais diversas possibilidades de voluntariado. O fortalecimento dessa rede e a mobilização de voluntários ampliam o impacto das organizações e transformam pessoas e comunidades.

Para saber mais, visite https://www.atados.com.br/

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