Rapidinha: Recife


Quando visito uma cidade litorânea, como foi o caso de Recife em 2012, não há nada que eu goste mais do que acordar cedinho e caminhar descalça na praia.

Para mim, afundar os pés na areia enquanto escuto as ondas quebrando na beira-mar é quase tão perfeito para pensar sobre a vida quanto quando estou nadando.

Por isso, perguntei aos locais a que horas o sol nascia em Recife. Depois de me informarem o horário, ficaram intrigados quando expliquei por que queria saber. É claro que acharam que eu era louca.

Quem em estilo de semi-férias - na verdade, estava lá para um congresso - pensa em madrugar em vez de dormir um pouco mais? Em todos os outros casos sou assim, mas não quando o mar está bem de frente para mim.

***

No dia seguinte, como estava hospedada sozinha no 16º andar de um quarto super bacana direto na Praia de Boa Viagem, sim, aquela dos muitos tubarões, acordei às 5 da manhã para apreciar o sol subir no horizonte. Com certa decepção, quando abri as cortinas, o céu ainda estava um tanto escuro.

Aí a natureza prega essas peças loucas na gente.

De um súbido dei-me conta do quadro que se pintava diante dos meus olhos (na foto acima): eu estava ali para ver o sol, mas foi o mar que se (im)pôs sobre mim, com grandiosa exuberância, serenidade estrondosa, de forma que quase me partiu ao meio.

Firme, eu resisti.

Não conseguia parar de encará-lo. Não ousava mover um músculo sequer. Fiquei ali, assistindo as ondas caírem umas sobre as outras em um ritmo sem fim, ounvido-as sussurrarem por minutos a fio, um sopro transformado em brisa que parecia decidida a me pôr de joelhos ante sua majestade.

Um pouco menos firme, eu resisti.

Demorou ainda um pouco para absorver tudo isso. Quando saí do "transe", dei-me conta do sentimento injetado em mim, o de uma pequenez terrível. "O que somos comparados a isto?", foi o que pensei. "Não somos nada! Não passamos de seres insignificantes vagando por este mundo".

De volta à cama, acordei uma hora depois. A imagem, da foto abaixo, não parecia tão poderosa quanto a primeira, mas não era mais piedosa. Estava ali para me fazer pensar, não esquecer o que tinha vivido um pouco mais cedo. Quando lembro, arrepio toda. Não entrei naquela água, mas minha alma fôra lavada.

Restava-me ir lá, humildemente, às 8 da manhã caminhar pela areia.

Na volta, dispensei o café da manhã do hotel e fui achar uma padaria, onde poderia fazer o desjejum como acho que um nativo de Recife o faria.

Amanhecer às 6h da manhã


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