Bolsa para jornalistas na fundação Heinz Kühn, Alemanha


É, amigos e amigas jornalistas, não está fácil. Os maus tratos infligidos pelo candidato do Exército recém-eleito presidente a profissionais dessa categoria vêm de longa data e, como era de se esperar,  só tendem a piorar. 

Prova é que até mesmo os correspondentes estrangeiros no Brasil lançaram um manifesto (leia aqui) com denúncias de assédio e insultos xenofóbicos, os quais se intensificaram desde o fim do segundo turno. Não era para menos: um ou dois dias após o fim das eleições, quando perguntado por uma repórter do Clarin sobre o status do Mercosul no próximo governo, o Posto Ipiranga Paulo Guedes achou por bem não só desdenhar o Bloco do Cone Sul como julgou decerto de bom tom afirmar, como um boçal: "(é) isso que você queria ouvir? Você está vendo que esse meu estilo combina com o do Presidente, não é o que você quer ouvir, é a verdade. A gente não está preocupado em te agradar" (confira aqui).

Well, well, well... Eles podem até não estar preocupados em agradar jornalistas e demais profissionais do meio, mas sem dúvida esperam demandam tratamento diferenciado da mídia em geral. Afinal, há pouco mais de um mês, Bolsonaro fez ameaça velada à Rede Globo alegando que se ela continuasse a "pegar pesado" com ele, cortaria suas verbas públicas drasticamente. 

Acatando a ordem ou subestimando a ameaça, é fato notório que a Globo "pegou leve" com o candidato, o qual, tão logo eleito, aproveitou a constatada subordinação para subir na bancada do principal jornal do país e dar um cala boca em outro veículo de grande circulação, a Folha de S. Paulo, com as mesmas intimidações. Foi o estopim? Creio que ainda não, mas deu para provocar uma boa reação negativa.

Até então, ao terem jogado para escanteio tanto o discurso virulento quanto o comportamento truculento que Bolsonaro investiu contra profissionais da área de comunicação, deixando de classificá-lo, inclusive como populista da extrema direita, eis que esses meios pavimentaram o caminho para que ele agora lhes pisasse sobre as cabeças como bem entende até que lhes reste apenas escrever poemas e receitas de bolo. A não ser que escolham resisti, seguindo as palavras de George Orwell (autor do livro "A Revolução dos Bichos" que precisa ser urgentemente lido por vários brasileiros), "jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade." 

Agora, quem não quer esperar para ver onde isso vai dar e prefere trabalhar em um local onde há garantia de liberdade de imprensa, pode se candidatar para a bolsa da Fundação Heinz Kühn, com sede em Düsseldorf, Alemanha. A recomendação tem fundamento nos próprios princípios da Fundação:

(...) A fundação Heinz Kühn é uma entidade do estado da Renânia do Norte-Vestfália. Fundada no ano de 1982 se presta ao desenvolvimento de jornalistas. O governo estadual reforça, com isso, o significado do dever do crescimento jornalístico para a vida em uma sociedade democrática (grifo meu).

Parece que é exatamente o que estamos precisando neste momento da história brasileira... Então, que tal dar uma olhadinha nos requisitos para concorrer à bolsa da Heinz Kühn?

REQUISITOS

  • Especial interesse em políticas de desenvolvimento;
  • Curso superior em Jornalismo e experiência na área;
  • Idade limite de 35 anos;
  • Comprovante de conhecimentos linguísticos básicos em alemão.

Coisinha pouca, não é mesmo? Agora vamos aos benefícios:

BENEFÍCIOS 
  • Ajuda de custo para despesas pessoais durante a permanência na Alemanha (a bolsa é calculada de forma a cobrir os custos básicos de permanência);
  • Passagens aéreas de ida e volta;
  • Ajuda de custo adicional para compra de livros e para viagens pela Alemanha;
  • Curso de alemão, de até quatro meses, nos Institutos Goethe de Düsseldorf e Bonn;
Além disso, antes da concessão da bolsa e durante a permanência do bolsista na Alemanha, a Fundação Heinz Kühn oferece um acompanhamento profissional adequado às necessidades de cada bolsista. Podre de chique!

Quanto à duração, é de apenas 4 meses, mas julgo tempo o suficiente para você ter uma ótima oportunidade de expandir contatos profissionais e trocar experiências, ao ponto de, quem sabe, conseguir abrir novas portas acá na  terra da Deutsch Welle no futuro próximo. A propósito, é possível que, com a bolsa da Heinz Kühn Stiftung, você seja escalado(a) para estagiar na Deutsche Welle, em Bonn.

Em contrapartida, a Fundação Heinz Kühn pede que os(as) bolsistas apresentem um relatório sobre suas atividades na Alemanha ao final de sua estada no país. Moleza, né? Agora só falta reunir a documentação necessária!

DOCUMENTOS

Os seguintes documentos devem ser enviados: 
  • Currículo em alemão (modelo de tabela) com uma foto recente;
  • Certificado da profissão exercida;
  • Certificado de conhecimentos linguísticos em alemão;
  • Um texto explicando as motivações pessoais do candidato e seus temas de interesse.

INSCRIÇÃO

As propostas devem ser enviadas até 30 de novembro (anualmente). O processo de seleção termina em março do ano seguinte. Em uma pegada um pouco old school, a Heinz Kühn exige que os documentos sejam enviados somente por correio (e não por e-mail) para o seguinte endereço: 

Ministerpräsident des Landes Nordrhein-Westfalen
Heinz-Kühn-Stiftung
Stadttor 
140190 Düsseldorf 

Para mais informações, acesse a página da Heinz Kühn (aqui).

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